25.3.10

As discussões acontecem com toda a gente. E de certa maneira, até são boas. São uma forma de nos conhecermos melhor, uma forma de nos aproximar ainda mais. Mas que forma horrível de mostrarmos o quanto amamos alguém. Mas a verdade é essa. Discutimos porque gostamos demasiado de uma pessoa. Por acharmos que ela está a errar e querermos que siga um melhor caminho. Ou pelo contrário, por termos demasiada confiança de que estamos certos e não querermos envolver outra pessoa numa coisa que afinal nos está a fazer sofrer a nós. Seja como for discutimos. E no fim, chegamos à conclusão que fomos estúpidos, acabamos finalmente por chegar a um acordo. Abraçamo-nos, beijamo-nos, dizemos palavras de reconforto. E pedimos desculpa. É, muito provavelmente, das palavras mais complicadas de se dizer. O orgulho é um sentimento que se apodera de nós, aos poucos, e impede-nos de nos arrependermos. Mesmo sabendo que fizemos algo errado, não queremos mostrar a nossa parte fraca, o nosso lado mais frágil. Que afinal todos nós temos, mesmo os que o escondem bem na sombra. Esses também ficam felizes quando lhes dizem aquelas palavras mais especiais. E também ficam tristes quando discutem com alguém. Afinal para que temos de discutir? Não podemos simplesmente mostrar o amor que sentimos por alguém através de gestos bons? As discussões magoam, ferem o coração, fazem a alma chorar.

Ontem, alguém me prometeu que tinham acabado as discussões.

10.3.10

Às vezes aparenta estar tudo bem mas tu sabes que não está. Sentes um aperto no coração, uma angústia e não consegues explicar porquê. Apetece-te sair à rua e gritar, aliviar essa sensação. Sentes-te enervado, não sabes o que fazer a seguir, e acabas por dar contigo a olhar para o vazio e a chorar. Não consegues parar durante o que te parecem ser longos minutos. E no fim sentes-te melhor. Chorar é uma coisa boa. Deixa sair todas as mágoas e todas as dúvidas que te enchem a cabeça, te afligem o coração e te impedem de adormecer. Aos poucos essas tensões vão-te abandonando. Sentes-te mais calmo, mais limpo, mais leve. O mundo já não te parece estar tão perto de desabar, ganháste um pouco mais de tempo.

«Então deito-me, bem agarrada à camisola que ainda tem o cheiro dele, de maneira a me sentir um pouco mais segura, e adormeço, finalmente.»