23.2.10

O que é o medo? Essa palavra que toda a gente usa e que não sabe bem explicar. Há vários tipos de medo. Certamente em criança tiveste medo do escuro, medo do papão, medo de ser apanhado nalguma asneira que fizeste(...) Algo que não queres que aconteça, ou que receias que venha a acontecer. Não sabes definir o medo. No entanto sente-lo. Sabes que é real e que te confunde. Por vezes és impedido de tomar determinadas decisões devido a ele, noutras és impelido a tomá-las talvez mais cedo do que o devesses. O medo é uma reacção natural ao desconhecido por isso é perfeitamente normal que sintas medo. Mas não é apenas uma coisa má. O medo também pode ser bom. Aliado ao medo vem a vontade de chegares mais longe, de ultrapassares determinada barreira. E então enches-te de coragem, enfrentas os teus medos, e no fim do caminho descobres um mundo completamente novo e cheio de magia.

18.2.10

Dois dias não chegam nunca para compensar uma semana inteira sem ti. Consigo sentir a tua ausência. Para onde olho recordo-me de ti. Os locais por onde costumavas parar, as pessoas que te costumavam fazer companhia, as coisas que costumavas fazer(...) Todas as noites conto os dias que faltam para te ter por perto. Cinco infindáveis dias. E depois adormeço, e sonho contigo ainda mais intensamente do que penso em ti durante todo o dia. E quando finalmente no Sábado chegas ao pé de mim, esqueço o resto do mundo. Sou só eu e tu, não precisamos de mais nada. Envolves-me nos teus braços e então sou invadida por uma sensação de reconforto. O teu calor, o teu cheiro, o som da tua respiração, o toque dos teus lábios nos meus, o bater do coração no teu peito.. Nos nossos peitos. Quando reparo já o meu coração bate mais aceleradamente e quase posso ouvi-lo. Tão bem quanto ouço a tua voz, pela qual ansiei enquanto só podia comunicar contigo através de um telemóvel. E essa forma como me pões o coração a saltar não mudou em nada desde o início e não vai mudar nunca. Fazes-me sentir única, especial, desejada. Fazes-me sentir amada e eu espero conseguir fazer-te sentir o mesmo. Porque é o que tenho de mais profundo, o meu amor por ti. Sem percebermos bem como, enquanto estamos abraçados o tempo voa. E um dia já se passou, deixo-te ir com um beijo de despedida. Resta-nos mais um, penso. Não sou capaz de dormir a noite inteira só de pensar que vens ter comigo logo de manhãzinha. Acabo por adormecer, cansada, e quando acordo é com os teus mimos. Os teus olhos expressivos são a primeira coisa que vejo nesse dia e sorrio ao saber que estás comigo, que posso tocar-te. Depois aconchegas-te na cama comigo e volto a adormecer, sinto-me como que protegida. E por fim o sonho termina, a noite cai e eu tenho que te deixar ir novamente. Peço-te que fiques, agarro-te com mais força mas sinto-te a escapar. Sei que não queres ir mas infelizmente também não podes ficar. E então vejo-te a sair pelo portão e encaro mais uma semana que parece não terminar.

8.2.10

Sentada no jardim dei por mim a observar uma criança. Não foi premeditado. Apenas fixei nela o meu olhar e a partir daí desenvolvi uma complexa rede de pensamento. Aquela menina de cabelos louros com um bonito vestido branco brincava na areia sem se importar se a cor do vestido estava a mudar ou não. Apontava para os pássaros que cantanvam e ria. Depois, de pé e com os braços abertos, fazia que voava. E com um sorriso de orelha a orelha chamava pela mãe e pedia-lhe que viesse brincar também. Ela simplesmente lhe sorria, ficava sentada no mesmo banco em que estava provavelmente desde que ali tinha chegado. E quando a menina se chegou ao pé dela e lhe pegou na mão, a mãe, sempre com um sorriso talvez até um pouco forçado, afastou-a e permaneceu sentada. Esta é a grande diferença entre crianças e adultos, a diferença entre viver a vida e complicar. À medida que crescemos temos tendência a dificultar as coisas à nossa volta. Quando somos crianças vivemos no mundo do imaginário. Cada pessoa que passa na rua é um potencial amigo, seja ele da cor que for, tenha a idade que tiver, venha de onde vier. Passados uns meros anos, começamos a catalogar as pessoas e o mundo, julgamos alguém apenas pela aparência e é com esta que nos preocupamos mais. Enquanto aquela menina não se importava com o vestido manchado, a mãe recusou-se a levantar do banco e a ir brincar. Mas que grande erro, deixar de brincar! É tão bom, tão reconfortante. Liberta-nos e deixa-nos fluir o pensamento. Brincar é dos melhores exercicios que podemos fazer ao nosso cérebro. No entanto, esquecemo-nos de o fazer. Tornamo-nos chatos, selectivos e rabugentos. Ficamos sem paciência. Quebramos a infância pela qual passámos e que nos fez tão felizes. Porque é que temos mesmo que complicar?