28.4.10

E, afinal de contas, o que é um instante? O que é o tempo? Tu regulas-te totalmente por esta noção que nem sabes ao certo o que é. És escravo dos minutos, das horas, dos dias. Vives em função do tempo que há-de vir e és resultado das acções que fizeste num tempo que já terminou. Basicamente, o tempo chamado presente é demasiado curto para teres noção dele no próprio momento. A menos claro, que ele tenha sido já planeado como um futuro. Sim, o mais certo é não perceberes o que tento dizer porque talvez nem tenha grande sentido. Mas a verdade é que o tempo não tem sentido. Vês dias alternarem com noites, sóis alternarem com luas, vês invernos passarem a verões, chuva passar a jardins floridos. E o relógio vai marcando o tempo. Tic tac, tic tac, tic tac. Estás desejoso por um futuro e os ponteiros estão demasiado preguiçosos. Apetece-te gritar-lhes, mandá-los correr, acelerar o tempo. Já olhaste três vezes para o teu pulso e as horas não passam. O relógio marca uma hora, a ti parece-te uma eternidade. Tic tac, tic tac, tic tac. Finalmente chegou a hora que tanto esperáste. Agora os ponteiros acordaram, ganharam vida. Desde a última vez que olháste já passou tanto tempo e no entanto a ti pareceram-te uns meros dois minutos. E, quase sem dares conta, o presente já não é mais presente, já é passado, já acabou. E o relógio não pára. Tic tac, tic tac, tic tac. O que é o tempo afinal?

22.4.10

Só quero mais um instante. Dá-me só um instante. Fica comigo só durante o curto espaço de tempo a que chamam instante.

9.4.10

Há momentos em que só queres esquecer tudo. Queres desaparecer por instantes. Reaparecer num sítio onde nada seja como era há pouco. Uma espécie de paraíso ou mundo à parte que te limpa a mente de tudo porque tens passado. Queres ir para lá passar umas horas, uns dias, uns meses. Quem sabe se não te habituarias tanto àquele local que quisesses ficar lá todo o resto da tua vida. Podes olhar o mar e não ter mais um único ser humano à tua volta, podes observar o pôr do sol por de trás dos rochedos, podes rir à vontade que ali ninguém te vai julgar. Ali as pessoas são outras, as casas são outras, a vida é outra. É uma outra parte de ti que se revela lá. Uma parte alegre, despreocupada, leve.

Já faz tanto calor, já passou tanto tempo. As saudades são cada vez maiores. Não vejo a hora de voltar a olhar para aquelas águas e de sentir de novo aquela areia nos pés.

2.4.10

Abraça-me. Dá-me daqueles apertões aconchegantes que só tu sabes dar. Beija-me a testa, o nariz, as bochechas. Passa a tua mão pelos meus caracóis. Sorri, sorri para mim e mostra-me os teus olhos brilhantes. Agarra-me, leva-me daqui. Faz-me sentir uma princesa que encontrou o verdadeiro principe encantado.