28.4.10

E, afinal de contas, o que é um instante? O que é o tempo? Tu regulas-te totalmente por esta noção que nem sabes ao certo o que é. És escravo dos minutos, das horas, dos dias. Vives em função do tempo que há-de vir e és resultado das acções que fizeste num tempo que já terminou. Basicamente, o tempo chamado presente é demasiado curto para teres noção dele no próprio momento. A menos claro, que ele tenha sido já planeado como um futuro. Sim, o mais certo é não perceberes o que tento dizer porque talvez nem tenha grande sentido. Mas a verdade é que o tempo não tem sentido. Vês dias alternarem com noites, sóis alternarem com luas, vês invernos passarem a verões, chuva passar a jardins floridos. E o relógio vai marcando o tempo. Tic tac, tic tac, tic tac. Estás desejoso por um futuro e os ponteiros estão demasiado preguiçosos. Apetece-te gritar-lhes, mandá-los correr, acelerar o tempo. Já olhaste três vezes para o teu pulso e as horas não passam. O relógio marca uma hora, a ti parece-te uma eternidade. Tic tac, tic tac, tic tac. Finalmente chegou a hora que tanto esperáste. Agora os ponteiros acordaram, ganharam vida. Desde a última vez que olháste já passou tanto tempo e no entanto a ti pareceram-te uns meros dois minutos. E, quase sem dares conta, o presente já não é mais presente, já é passado, já acabou. E o relógio não pára. Tic tac, tic tac, tic tac. O que é o tempo afinal?

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