30.9.11

Esta semana descobri o espírito académico. Descobri uma nova vida, um novo ideal, uma nova casa. Descobri uma família que me acolheu de braços abertos. Todos nós já ouvimos falar de como é entrar para a faculdade e ser praxado. Mas a verdade, é que é uma coisa que não compreendemos verdadeiramente até passarmos por isso. Apesar de nos depararmos com um grupo de desconhecidos, em pouco tempo perdemos os receios e começamos a entrar nas brincadeiras. Nós somos os caloiro, os bichos, os vermes nojentos. Eles os veteranos e senhores. Todos formamos um grupo, alegre e unido, que não deixa ninguém de parte. Aqui ninguém é praxado para ser humilhado. Aqui nós somos integrados com brincadeiras de que toda a gente gosta. Somos pintados, obrigados a comer de mãos atadas uns aos outros e apenas com um palito, mantemos a nossa condição física, fazemos peddy pappers de morrer pelo caminho, cantamos bem alto os nosso hinos no meio da rua. Onde estivermos reunidos o espírito motricitário está presente e é impossível não ser contagiado.

É F, é M, é FMH!

15.9.11

Todos temos momentos em que achamos que a nossa vida está completamente virada do avesso. Que está tudo ao contrário daquilo que desejamos, que nos querem forçar a mudar as nossas opiniões. Todos temos momentos em que nos deixa de apetecer sair de casa. Não sabemos como voltar a sorrir, como voltar a sentir que temos aquilo que realmente que queremos, que estamos mesmo a viver a nossa vida e não a que outra pessoa quer que vivamos. Só que nessas alturas tendemos a piorar as situações. Começamos a ir para o lado do absurdo. Afundamo-nos ainda mais e mais nesse poço. Tentamos ir contra os outros mesmo sem termos forças suficientes para lutar. Às vezes a multidão é demasiado grande contra uma só pessoa. Não queremos render-nos. Mas pode não haver outra hipótese. Todos temos momentos em que a nossa vida está do avesso. No entanto, existem dois caminhos que podemos tomar. Podemos continuar a fazer bagunça e sermos nós próprios a contribuir para o caos à nossa volta. Ou podemos tentar ver o lado positivo da situação. Olhar para as coisas noutro prisma. Nada é totalmente mau. Tudo acontece por uma razão. Uma nova etapa, um novo começo, uma nova oportunidade. Temos que saber agarrá-la e não afastá-la. Quem sabe, esse momento escuro como bréu se venha a tornar, muito mais tarde, num dos teus maiores sonhos cor-de-rosa.

9.9.11

A preguiça é a pior pandemia do nosso século. Infelizmente, fui afectada por ela. Não me apetece escrever. :o

2.9.11

Tenho raiva de depender tanto de certas pessoas.

«If you jump, I jump.»

28.8.11

São o oposto um do outro, mas por isso mesmo complementam-se. Ele é mais ficar em casa sossegado, ela é mais sair e aproveitar cada dia. Ele é mais cinema, ela é mais livros. Ele é mais cidade, ela é mais campo. Ele é mais música calma, ela é mais música daquela que é impossível não começar a dançar. Ele é mais no stress, ela é mais dramática. Ele é mais pessimista, ela é mais optimista. Ele é mais Inverno, ela é mais Verão. Ele é mais afastado, ela é muito pegada às pessoas. Ele baseia-se mais na realidade, ela é demasiado sonhadora. Podia ficar aqui a enumerar os diversos contrastes que existem mas torna-se maçador. Mas no meio de tantas diferenças, há uma coisa que é comum aos dois e que os une: eles amam-se. E isso torna-os perfeitos um para outro.

19.8.11








- Tenho saudades de adormecer bem abraçada a ti e de ver a tua cara logo ao acordar. Sinto-me vazia quando não estou contigo.

9.8.11

Um dos maiores problemas dos seres humanos ou, principalmente, da nossa cultura, é acomodarmo-nos demasiado. Não digo que a maior parte das pessoas não tenha sonhos ou objectivos, mas que não se esforça por os atingir. Contentamo-nos com o nível mais básico, mais fácil de obter. Assim que lá chegamos não temos vontade de evoluir. Achamos que isso nos basta para estarmos bem. E, no entanto, somos demasiado exigentes com a vida. Queremos que as coisas venham ter connosco sem irmos à sua procura. Se estamos alguns dias em casa sem nada para fazer nunca dizemos que a culpa é nossa. Nunca mudamos esse facto, nunca pensamos em algo de novo e diferente para fazer. Mas a verdade é que os únicos culpados somos nós. Enquanto não decidirmos avançar, ninguém nos virá dar um empurrão para sairmos de onde estamos.

2.8.11

Há poucos dias, depois de fazer a candidatura para o ensino superior, invadiu-me uma grande sensação de estranheza. De repente pensei "estou crescida". Foi tudo tão rápido que quase nem dei pelo tempo passar. E apesar de estar bastante ansiosa para esta nova etapa, estou também com algum receio. Agora é tudo muito mais sério, mais decisivo e definitivo. As escolhas estão feitas e todo o meu futuro vai ser consequência delas. Daqui para a frente será tudo ainda mais rápido. Irão terminar alguns dos momentos de pancada e brincadeiras estúpidas e apenas vão restar as lembranças de uma infância feliz. Sim, estou orgulhosa de ter chegado aqui, mas continua a ser estranho.

30.7.11








- Quero envelhecer ao teu lado e passar o Inverno à lareira a recordar os velhos tempos.

21.7.11









- Começa a olhar para a vida com um sorriso na cara. É algo tão simples que uma criança o faz.

17.7.11

Quando amamos alguém, nunca temos a certeza absoluta de que esse amor é correspondido. Apesar de já conhecermos essa pessoa há muito tempo e sabermos de cor o significado de cada gesto e de cada olhar, há sempre uma dúvida. Toda a gente à nossa volta vê o quanto estamos felizes e apaixonados, mas a nós custa-nos sempre a acreditar totalmente. Não é que não exista confiança na pessoa com quem estamos, nada disso. É que quando amamos realmente alguém, por mais tempo que passe, parece que tudo continua a ser um sonho de tão mágico que é cada momento. E a cada momento, parece que podemos acordar para uma realidade mais fria. Há sempre o medo de acabar tudo de repente, sem que demos conta disso. Há sempre o medo de perder aqueles carinhos que nos são tão próprios. Quando amamos alguém, precisamos que nos relembrem a cada instante que também nos amam a nós.

13.7.11

Quero sair daqui. Correr o mundo. Ver novas caras, novos costumes, novas maneiras de viver e de entender a vida. Há universos completamente diferentes dos nossos dentro do nosso próprio planeta, talvez mesmo dentro do nosso próprio país. Quero pegar numa autocaravana, nas pessoas de quem preciso mais e partir à descoberta. Quero parar, apreciar cada recanto escondido da paisagem, tirar milhares de fotografias para que possa recordar tudo mais tarde. Quero sair e estender a mão a um estranho parado à beira da estrada, perguntar-lhe se precisa de ajuda e arrancar-lhe um sorriso. Quero chegar ao desconhecido, ter que andar quilómetros a pé num local onde só assim se tenha acesso, montar a minha tenda e dormir noites ao relento junto das borboletas, dos escaravelhos e de toda a Natureza. Quero tomar banho na água límpida e gelada que cai das cascatas, quero pertencer (mesmo só por um dia) a uma tribo africana, quero pescar no gelo com os esquimós. Quero ter a liberdade de quem não tem que estar em determinado sítio na hora marcada. Quero ver tudo. Quero sentir tudo.

2.7.11

Anda, vamos sair os dois daqui e viver uma semaninha só para nós. *.*

20.6.11

Actualmente, as pessoas importam-se cada vez mais com as aparências exteriores do que com aquilo que realmente são no interior, ou como se sentem. Mesmo que isso implique ter uma vida sem significado, é preferível mostrar-se todos os luxos.
Nos nossos dias, os indivíduos dão um valor demasiado excessivo àquilo que pode ser visto e admirado pelos outros. O objectivo é sempre ser o melhor ou que tem as melhores e mais recentes coisas. Na realidade, a pessoa pode ter uma vida vazia, sem harmonia familiar, sem afectos, ou pode mesmo viver uma vida que nunca desejou. No entanto, desde que vista as melhores roupas, use os melhores acessórios e tenha a mais luxuosa mansão, consegue enganar os outros e até a si própria, fazendo-se passar por feliz. É comum ver alguém que seja totalmente infeliz, passear-se num carro topo de gama, com um enorme sorriso falso no rosto.
Para além disso, a própria sociedade já tem este defeito enraizado. É frequente discriminarmos aqueles que têm menos bens ou que simplesmente não os exibem constantemente. À medida que vamos ficando mais obcecados pela aparência, colocamos de parte aqueles que, simplesmente, não se podem dar ao luxo de se preocuparem com um aspecto tão banal e mesquinho. Até já nas escolas, com crianças tão pequenas, é possível observar uma desigualdade entre grupos, em que os mais populares (e, aparentemente, melhores) troçam e excluem os que não vestem roupas de marca ou que usam a mesma camisola de um ano para o outro.
Concluindo, vivemos numa sociedade de pernas para o ar, em que não se prezam valores como a solidariedade, a humildade ou a igualdade. Somos apenas um conjunto de indivíduos egoístas que prefere exibir os bens mais valorizados em deterimento de uma vida calma e feliz.



(texto mais ou menos elaborado durante uma intensa tarde de estudos para o exame de português)

12.6.11

No silêncio de uma lágrima, no carinho de um gesto tão puro, na inocência de dois olhares mudos reconfortando-se mutuamente, expõe-se a maior das cumplicidades. Aquela intimidade que temos e que sabe tão bem por nos sentirmos livres a mostrar qualquer tipo de sentimento. Por sabermos que podemos rir à gargalhada mas também podemos chorar abraçados, durante o tempo que tiver que ser, até nos sentirmos melhor. É bom partilhar algo tão simples e ao mesmo tempo com tanta importância. É bom saber que podemos contar um com o outro para tudo. É bom sentir que nem sempre és tu a tomar conta de mim, por vezes também eu tenho que te proteger, que olhar por ti e assegurar-me de que te deixo bem. E por mais que peças para eu não me importar, tu és das pessoas mais importantes. Preocupar-me contigo é quase automático, é impossível não o fazer. Por isso, nestes momentos, apesar de não saber exactamente o melhor a fazer, hei-de arranjar sempre algo. Nem que seja dizer disparates tentando esboçar um sorriso no teu rosto. Nem que seja apenas colar-me a ti, apertar-te nos meus braços e esperar que os teus pesadelos terminem.

9.6.11

A minha vida é uma montanha russa. Neste momento, a carruagem está a subir.

30.5.11

PERGUNTA PERTINENTE #4

Porque é que ainda há pessoas que têm o prazer de deitar lixo para o chão mesmo com um caixote a dois metros de distância?

27.5.11

palavra do dia: desilusão

23.5.11

Estas semanas extremamente ocupadas quase nem te deixam respirar. São testes, são trabalhos, são mil e uma coisas para fazer num tempo recorde, de maneira a que ainda possas tirar um tempinho livre nem que seja dia sim, dia não. O ponteiro vai contando os minutos um a um. Pensa de forma positiva. São os últimos esforços antes de atingir a meta. Tens de dar o tudo por tudo. A maior parte da corrida já passou. Agora são só uns metros finais. E depois? Depois podes respirar fundo e descansar. E virá um verão preenchido de coisas boas. ;)

13.5.11

Costuma dizer-se que os jovens são o futuro da humanidade. Que temos o dever de orientar o país, o mundo, de torná-lo um local bom para viver. Põem toda uma série de responsabilidades aos nossos ombros que por vezes pesam mais que aquilo que somos capazes de suportar. Esquecem-se que não temos culpa de nada, que quando aqui chegámos o planeta já estava num estado crítico inicial. Os estragos foram feitos pelas gerações anteriores que não souberam (ou não quiseram saber) como respeitar a Natureza. A poluição foi-se acumulando, as espécies foram desaparecendo, novos problemas de saúde surgiram e outros agravaram-se. Hoje, vivemos numa Terra virada do avesso. Onde já não existem quatro estações delineadas, mas apenas um Inverno rigoroso e um Verão escaldante. Onde chove continuamente durante todo o ano e o estado do tempo varia bruscamente. Hoje, conseguimos ver o quanto o planeta foi prejudicado. No entanto, há hábitos que permanecem inalterados. Por incrível que pareça, existem, aparentemente, interesses que se elevam mais alto. O ser humano é um animal egocêntrico, centrado em si e naquilo que melhor lhe convém a cada momento. E, acima de tudo, é super materialista. O dinheiro e os bens são valores que se sobrepõem a tudo o resto. Desde que haja lucros, mais nada interessa. Mas, apesar de todo este cenário assustador, em que ainda falta revelar muito, nós temos que agir. Temos que pensar diferente. Temos que nos mexer e alterar o futuro das próximas gerações enquanto é tempo. Para que os nossos filhos e netos possam viver uma vida tão luxuosa quanto a nossa. Somos realmente o futuro da humanidade. Somos nós que através dos nossos feitos iremos traçar um novo destino. Se ficarmos parados, seremos apenas iguais àqueles que prejudicaram o planeta. Temos os recursos, precisamos da força de vontade de cada um.

7.5.11

PERGUNTA PERTINENTE #3

Porque é que hoje em dia é tão natural passar por um pedinte na rua e simplesmente ignorá-lo?

17.4.11

A melhor maneira de te sentires vivo é viveres cada momento à flor da pele. Deixares que todo o teu corpo sinta aquilo que está a acontecer em teu redor. Trincares o lábio, ouvires o teu próprio bater do coração e sentires os pêlos arrepiarem-se. A melhor maneira de te sentires vivo é entregares-te totalmente à vida.

23.3.11

PERGUNTA PERTINENTE #2

Porque é que continuamos a dizer "não tenho nada de jeito para vestir amanhã" quando temos um armário cheio de roupas e certas pessoas andam com trapos?

16.3.11

Só consigo ver a história a repetir-se outra vez.

15.3.11

Ao contrário do que certos homens dizem, nós não precisamos de nenhum manual de instruções nem somos assim tão complicadas. Nós, Mulheres, temos apenas uma personalidade única e bem vincada. Lutamos contra tudo e todos pois sabemos que assim vamos atingir os nossos objectivos e não desistimos facilmente. Passamos por imensas dores, tanto físicas como psicológicas. Desde pequenas que sonhamos achar o príncipe encantado e tratar de bebés. Possuímos uma imaginação demasiado fértil que nos leva, por vezes, a fazer filmes na nossa cabeça aos quais preferíamos não assistir. Somos sensíveis e amorosas se nos tratam bem, mas também sabemos levantar a voz e dizer umas quantas verdades se forem merecidas. Agarramo-nos muito a cada relação que estabelecemos, seja ela a nível familiar, amizades ou amores. Somos sonhadoras, livres, felizes.
Aquilo que queremos é, no geral, que nos dêm valor. Não pedimos assim tanto. Ficamos contentes a cada palavra e a cada gesto carinhoso pois damos-lhes um significado imesurável. Queremos sentir-nos desejadas, amadas e mimadas. Queremos demonstrações de afecto e do quanto se importam connosco. Queremos que estejam sempre a lembrar-nos das nossas qualidades pois muitas vezes só conseguimos ver os nossos defeito. E, eventualmente, gostamos de ser surpreendidas de vez em quando. De quebrar a rotina com algo que foi pensado exclusivamente para nós e só faz sentido com aquela pessoa. Basicamente, queremos sentir-nos amadas e respeitadas.

10.3.11

Desde crianças que nos tentam incutir uma personalidade. Dizem-nos o que devemos ou não fazer, o que é bom ou mau, o que está certo ou errado. Crescemos num mundo onde nos rodeiam normas, regras, convenções. Tentam moldar-nos segundo um modelo perfeito, demasiado idealista para que alguém o alcance. Querem que sejamos boas pessoas, que nos esforcemos na escola, que lutemos para conseguir aquilo que desejamos. Querem que cresçamos felizes e saudáveis. Que arranjemos um parceiro, casemos, compremos uma casa e tenhamos um ranchinho de filhos. E no entanto, a história do 'e viveram felizes para sempre' não acontece com ninguém. Somos seres humanos, racionais. Temos capacidade de escolha. Capacidade de pensar por nós próprios e criar certas regras só nossas. Por vezes cansamo-nos da rotina da sociedade e simplesmente contornamo-la. De vez em quando temos de correr, gritar, dançar ou mesmo passarmo-nos da cabeça. Temos de voltar a ser crianças e fazer coisas ridículas. Temos de rir à gargalhada no meio da rua mesmo que fiquem todos a olhar. É importante libertar o nosso verdadeiro eu para que não o percamos. Se não o fizermos arriscamo-nos a não encontrá-lo quando formos procurar por ele. Resumidamente, não devemos ser quem os outros querem que sejamos.
Devemos ser nós, com todas as manias e excentricidades que isso possa incluir.

21.2.11

Às vezes não te sentes a mais?

15.2.11

A maioria das pessoas que tem animais de estimação concorda com o facto de que são muito mais puros e verdadeiros que muita gente. Criado contigo desde pequeninos tu viste aquele bichinho crescer bem como ele te viu a ti, à sua maneira. Aprendeu o que esperar de ti e aquilo que mais te agrada para poder agradecer. Conhece as tuas rotinas: a hora a que sais de casa, a hora a que chegas, até a hora a que te deitas. Para ele, tu não és apenas o seu dono, és um amigo, o seu fiel companheiro que o protege e, como tal, também tem que ser protegido. Ele sabe a maneira certa de te mostrar aquilo que pretende. Ele sabe a maneira correcta de te animar nos dias em que estás mais em baixo. E por vezes nem é preciso muito, basta a sua companhia. Como se compreendesse tudo aquilo que se está a passar encosta a cabeça nas tuas pernas à espera de festas e olha para ti com os seus olhos límpidos e brilhantes, como se quisesse que tu lhe contasses os seus problemas. É mais que um cão ou um gato: é o teu parceiro de todos os momentos. Nunca te abandonaria em situação alguma. Se por acaso tivesse que se separar de ti por uns tempos, daria pulos de alegria quando te voltasse a ver. Fiel, é das palavras que melhor se adequam a um animal de estimação. E depois de todas estas demonstrações de afecto, lealdade e confiança, ainda há quem consiga fechar os olhos e deixar o seu companheiro por aí, abandonado.

31.1.11

Basta olhar à nossa volta para ver o quão estranho está o mundo. Hoje em dia fumar é algo completamente normal que faz parte das vidas de quase toda agente. Aliás, anormal é ter chegado a uma certa idade sem nunca ter, pelo menos experimentado um cigarro. Porque toda a gente o faz. Do mais novo ao mais velho, passeiam pelas ruas e em cada momento em que a vontade pede, procuram no bolso do casaco, ou no fundo das malas, o maço de tabaco. Pegam num cigarro, acendem-no e soltam pequenas nuvens de fumo, uma de cada vez. Para nós, para nossa sociedade super evoluída, é uma coisa super banal chegar ao portão de uma escola na hora do intervalo e ver uma multidão a fumar. Não só professores como também alunos, cada vez mais novos, cada vez mais crianças. Ali, docentes e estudantes partilham algo em comum, como se fosse algo que os aliviasse da rotina diária, sendo isso mesmo parte da rotina.
Normalmente, se perguntamos a alguém porque é que começou a fumar a resposta é quase sempre a mesma: "Não pretendia ficar viciado. Comecei por fumar com amigos, em festas, se alguém me oferecia um cigarro eu aceitava." E assim passaram de fumadores socias a fumadores a sério. As desculpas são idênticas: alivia o stress, acalma, emagrece, etc, etc, etc. A mim custa-me a acreditar que nunca sentem remorsos. No momento em que se preparam para irem fazê-lo mais uma vez, será que nunca fixaram o olhar naquele cilindro branco e perguntaram porque estavam naquela situação? Será que nunca pensaram no mal que fazem a si próprios? No fumo que os seus pulmões já acumularam e que não vai de lá sair nunca? Eu acho que por muito que se tentem enganar, a si próprios e aos outros, em como fumar lhes sabe bem, por vezes têm o seu sentimento de culpa e raiva para consigo próprios.
De certa forma, podemos dizer que é suicidio. Destroem todos os dias uma pequena parte de si. Caminham para a morte lenta e dolorosa. Mas como isto tudo se processa a longo prazo, se algum fumador morrer de cancro de pulmão, nunca ninguém diz que ele se suicidou. Infelizmente, é isso que fazem. Matam-se. Afogam-se no seu próprio fumo e afogam os outros. Poluem a vida daqueles que os tentam ajudar. Não ouvem, ou não querem ouvir, os apelos à mudança.
E, calmos, vistos como perfeitamente normais pela sociedade, continuam a libertar as suas pequenas nuvenzinhas negras.

24.1.11

Entras em casa, tomas um banho de água quente, vestes um pijama, acendes a lareira e aconchegas-te no sofá. É uma óptima rotina. A rotina de muitos de nós, talvez. E para ti é algo perfeitamente natural pois sempre pudeste fazer isso. Porque não continuar a fazê-lo se te faz sentir bem? Entretanto ligas a televisão. Escândalos daqui, escândalos dali, hoje em dia aproveitam tudo e mais alguma coisa para notícia desde que cative a atenção das pessoas, desde que as faça manter os olhos colados ao pequeno ecrã. E então os teus ouvidos despertam quando a apresentadora refere o número médio de sem-abrigos que se encontram actualmente nas ruas das cidades de Lisboa e do Porto. Eles não têm água para tomar um banho quente, não têm sequer um pijama, as suas roupas são simples farrapos encontrados aqui ou ali ou doados por alguma espécie de instituição de caridade. E, muito obviamente, não têm uma lareira onde se possam aquecer. Humildes, sem grandes esperanças que as suas vidas melhorem, vagueiam de banco em banco de jardim, de caixote em caixote, apenas com a pouca roupa que trazem vestida e, quem sabe, uma manta velha achada perto de um contentor do lixo. Pensas na última noite. Em como dormiste no meio de lençóis de flanela e cobertores e te queixaste do facto de teres acordado com os pés frios. Pensas na última noite. Nas temperaturas negativas que se fizeram sentir em quase todo o país e na forma como estas pessoas enfrentam o frio diariamente. Pensas neles. Pobres, sujos, gelados, lutando por um pedaço de pão a cada dia. Lutando para sobreviver. Entretanto levantas-te, jantas e voltas para o sofá. Desta vez para ver um filme que está começar num outro canal qualquer. E esqueces aquilo em que pensaste há tão pouco tempo. Esqueçes os vagabundos que se dispõem à volta de uma fogueira improvisada para conseguir um pouco de calor, físico e humano. É verdade que sozinho não podes fazer nada. Mas imagina que somos todos assim. Que as realidades nos chocam ao ouvir falar delas, mas que se esquecem facilmente já que não é nada directamente relacionado connosco. Há coisas que podemos mudar, juntos. Apenas se não as esquecermos. Apenas se quisermos.

10.1.11

PERGUNTA PERTINENTE #1

Porque é que ainda há milhares de pessoas no mundo a morrer de fome quando nós todos os dias simplesmente deitamos comer ao lixo?

5.1.11

Por vezes sentes-te completamente cheio, até acima, sentes que não consegues suportar mais nada. Estás a começar a ficar com tremores, a andar de um lado para o outro, sentes a cabeça a latejar. É possível que sejas um vulcão a entrar em erupção? Que disparate. Mas é o que sentes. Sentes que só essa enorme explosão vai aliviar toda a magma que tens dentro de ti a borbulhar e só aí conseguirás diminuir a pressão que está a exercer dentro de ti. Sentes que se não rebentares vais colapsar para dentro. Vais dar contigo presa a algo de que não te consegues livrar. Precisas mesmo de eliminar essa tensão. É nesses momentos que recorres ao que melhor te consegue acalmar. Sentes uma sede insaciável de escrever ou de falar com alguém, escrever não é mais que falar para o papel, de bater com a cabeça nas paredes, de gritar, de chorar. As lágrimas vão caindo uma a uma naquela folha de papel branca e vão-na manchando e esborratando as mil palavras que já escreveste. E escreves, e escreves, e escreves. Já nem pensas no que passas para o papel, a caneta lê-te os pensamentos e tu apenas mexes a mão. Começas a pensar onde foste buscar tantas palavras pois naquele dia em que na aula de português te pediram para chegar às duzentas tu bloqueaste completamente e não surgia nada. Onde estavam elas escondidas nessa altura? Não estavam lá. Elas foram acumulando-se ao longo do tempo e agora lá vão elas. Uma a uma, saem da tua cabeça, enchem agora as folhas de um velho caderno que está guardado especificamente para as crises. E vais ficando mais leve, mais calmo. As lágrimas começam a cessar. Já te doi a mão, já chega de tanto escrever. Por agora sentes-te mais vazio. Passou aquela sensação de prisioneiro dos teus próprios sentimentos. O teu cérebro está livre. Pronto a aguentar com tudo o resto que te vá atormentar de novo. Afinal ainda aguentas mais alguma coisa. Tens que aguentar. Não há outra forma.

2.1.11

« Novo ano, novas promessas, novas esperanças. Novos sonhos. » :')