31.1.11

Basta olhar à nossa volta para ver o quão estranho está o mundo. Hoje em dia fumar é algo completamente normal que faz parte das vidas de quase toda agente. Aliás, anormal é ter chegado a uma certa idade sem nunca ter, pelo menos experimentado um cigarro. Porque toda a gente o faz. Do mais novo ao mais velho, passeiam pelas ruas e em cada momento em que a vontade pede, procuram no bolso do casaco, ou no fundo das malas, o maço de tabaco. Pegam num cigarro, acendem-no e soltam pequenas nuvens de fumo, uma de cada vez. Para nós, para nossa sociedade super evoluída, é uma coisa super banal chegar ao portão de uma escola na hora do intervalo e ver uma multidão a fumar. Não só professores como também alunos, cada vez mais novos, cada vez mais crianças. Ali, docentes e estudantes partilham algo em comum, como se fosse algo que os aliviasse da rotina diária, sendo isso mesmo parte da rotina.
Normalmente, se perguntamos a alguém porque é que começou a fumar a resposta é quase sempre a mesma: "Não pretendia ficar viciado. Comecei por fumar com amigos, em festas, se alguém me oferecia um cigarro eu aceitava." E assim passaram de fumadores socias a fumadores a sério. As desculpas são idênticas: alivia o stress, acalma, emagrece, etc, etc, etc. A mim custa-me a acreditar que nunca sentem remorsos. No momento em que se preparam para irem fazê-lo mais uma vez, será que nunca fixaram o olhar naquele cilindro branco e perguntaram porque estavam naquela situação? Será que nunca pensaram no mal que fazem a si próprios? No fumo que os seus pulmões já acumularam e que não vai de lá sair nunca? Eu acho que por muito que se tentem enganar, a si próprios e aos outros, em como fumar lhes sabe bem, por vezes têm o seu sentimento de culpa e raiva para consigo próprios.
De certa forma, podemos dizer que é suicidio. Destroem todos os dias uma pequena parte de si. Caminham para a morte lenta e dolorosa. Mas como isto tudo se processa a longo prazo, se algum fumador morrer de cancro de pulmão, nunca ninguém diz que ele se suicidou. Infelizmente, é isso que fazem. Matam-se. Afogam-se no seu próprio fumo e afogam os outros. Poluem a vida daqueles que os tentam ajudar. Não ouvem, ou não querem ouvir, os apelos à mudança.
E, calmos, vistos como perfeitamente normais pela sociedade, continuam a libertar as suas pequenas nuvenzinhas negras.

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