4.5.10

O percurso da tua vida é como caminhar num deserto. Ao princípio é extremamente fácil. Tens toda a tua força, achas que vais rapidamente chegar ao fim, sem dificuldades, basta manter um certo ritmo. Aos poucos, vais começando a sentir-te cansado, mas nada de mais. Até que surgem as miragens. Ao longe parece-te teres achado a felicidade, mas quando por fim lá chegas não a encontras. Continuas cansado, com fome e sede, mas vais ter que continuar a andar. Não queres, de maneira nenhuma, desisitir já. Segues a tua viagem sempre no desconhecido. Não sabes o que vem a seguir por isso avanças, ansioso mas com cautela. Ao fim de algumas miragens sentes-te farto de andar por ali. É então que avistas algo paradisíaco, um verdadeiro oásis no meio do nada. Receoso de que seja apenas outra ilusão, caminhas sem grandes esperanças. E, para tua admiração, este não é outro devaneio da tua mente. É real e está diante de ti. Durante uns dias vives como um rei. Tens ali tudo o que precisas e do qual estiveste privado por alguns tempos. Tens comida, tens água. No meio de um deserto bastam-te para estares bem. Mas com o passar do tempo queres mais, aquilo já não te basta. Então, de novo cheio de coragem e energia, partes à descoberta. Passas por tudo o que já tinhas passado: cansaço, miragens, fome, sede. Mas desta vez sentes-te também arrependido. Por teres sido ambicioso, por teres saído de onde estavas bem. Agora já não tens a força de vontade de anteriormente e apetece-te mesmo acabar com toda esta jornada. Sentas-te, deixas-te cair ali mesmo onde estás, não dás nem mais um passo. Permaneces ali horas, dias talvez, à espera da hora em que o teu corpo decida deixar de funcionar. E vês passar por ti um estranho: um outro caminhante. A escolha é tua, és tu quem decide como acabar esta história. Agarras-te com toda a força à felicidade e vais com ele? Ou esqueces quem és, ou eras, de vez?

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